sábado, 10 de julho de 2010

PEDRAS ROLANDO

Abel Aquino

Quando rolo uma pedra da alto da montanha, na verdade, quando dou o primeiro impulso e movo a pedra de sua inércia, essa desce a ladeira à baixo, destruindo tudo o que está a sua frente. A primeira ação, a de iniciar a rolagem da pedra, dependeu de minha vontade, foi uma escolha minha. Depois que a pedra saiu de sua inércia e começou a rolar pelo efeito da gravidade, eu não poderia mais voltar a trás de minha ação. Sou capaz de imaginar as conseqüências do meus ato, mas só parcialmente.O estrago que ela causa não será inteiramente prevista pois pode desviar, nas irregularidades do terreno, para a esquerda ou para a direita, deslocar outras pedras e terminar numa avalanche.
No entanto o que aconteceu não foi mais obra minha mais obra da pedra; eu apenas desencadeei o processo.
Com nossas ações, resultantes de escolhas até certo ponto voluntárias e meio conscientes, geram outras ações e eventos inimagináveis sucessivamente e que não mais dependem de nossa vontade.