sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

OS POBRES DE ESPÍRITO


O cristianismo apóia-se “nos pobres de espírito” ou seja nas pessoas com pouca inteligência, com pouco estudo, não versadas em conhecimentos científicos. Mas, o cristianismo ultrapassa esse apoio e, indo além, procura cultivar a “pobreza de espírito”, impondo ao mundo ocidental, por quinze séculos a prisão do pensamento.
O cristianismo introduziu a ideia do herói fraco, do herói perdedor; Cristo foi crucificado para provar que os fracassados também podem ser considerados heróis. Na tradição grega herói era o que vencia os inimigos e defendia seu povo das ameaças dos outros povos. O cristianismo inverteu esse papel e criou a figura do anti-herói, que nada vence, que nada conquista, que não defende seu povo dos inimigos, mas, que demonstra ser da mesma natureza dos comuns dos mortais. Para os gregos os heróis eram deuses de natureza especial e superior aos seres humanos. Para o cristianismo, seu herói, abdicou dessas qualidades para descer no meio da sociedade terrena e padecer com ela dos seus sofrimentos e dores.  Portanto o herói não é mais aquele de grandes feitos, de coragem e valentia, e sim, aquele que sendo da classe superior, sendo um Deus, toma a forma humana e vai sofrer ao lado de cada individuo como um deles. Como diria Nietzsche, o cristianismo é um platonismo para os pobres. O cristianismo operou a inversão dos valores e enterrou aquela concepção de que o ideal da vida é ter coragem, ser guerreiro, de construir uma vida de grandes feitos, e colocou em seu lugar a visão do deus renunciante, do deus transformado em humano e fraco, do deus do amor.
Antes eu reverenciava e obedecia ao deus porque ele era o guerreiro que me protegia dos inimigos, e, agora, eu o reverencio e o obedeço porque ele fez o sacrifício de deixar de ser um deus para vir sentir o minhas dores de igual para igual. O guerreiro não mais transforma-se em deus por seus grandes feitos, mas por abrir mão de suas qualidades de deus para adotar o sofrimentos dos pobres. Criou-se ai a filosofia do pacifismo, da aceitação, da negação da ação.