segunda-feira, 25 de abril de 2016

UM EXAGERO DA NATUREZA

Por que o mistério e  o incompreensível nos apavoram tanto?

Uma explicação é a de que, instintivamente, temos necessidade de saber, quase instantaneamente o que é ameaça, o que é perigo do que é inofensivo, do que causa dor e do que causa prazer, ou ainda do que mata, do que causa um bem. Foi aprendendo essas distinções que a humanidade conseguiu sobreviver até hoje. Quando não consegue avaliar se alguma coisa ou agente é desconhecido, ou seja não pode ser associado ou comparado a nada conhecido, a primeira reação é de medo e o medo exige respostas, impõe a ânsia de ou fugir ou tentar analisar, tentar tornar conhecido o desconhecido, avaliar e classificar, talvez julgar e encontrar uma resposta que elimine o medo.

Então, a primeira resposta do organismo, seja ele o ser humano ou outro animal qualquer é de medo em face do incompreensível. Se o medo for muito grande há a fuga,  se o medo for controlável  surge a curiosidade e com a curiosidade o desejo de avaliar, comparar, julgar. No caso da espécie humana, sua mente é exageradamente racional, no sentido de que estabelece relações extremamente complexas e faz comparações muito mais abrangentes que os outros seres vivos, inclusive em relação aos seus parentes mais próximos, os primatas. Diante do medo, os humanos sobrecarregam a mente na tentativa de decifrar um enigma, faz milhares de comparações e consegue criar uma escala de possíveis graus de ameaças, tornando seu comportamento muito mais complexo. 

Os animais tendem a escolher quatro reações, de fuga, de enfrentamento, de indiferença ou curiosidade. Por outro lado o ser humano pode, devido a hipersensibilidade de sua mente, desenvolver mais facilmente o medo neurótico, o medo gerado pela imaginação.

A mente humana parecer um exagero da natureza. Tanto é um exagero que sofre muito mais que os outros animais com as conseqüências de seus equívocos, de seus autoenganos. Nos animais inferiores, o instinto é o principal e eficiente recurso na luta pela sobrevivência. No ser humano os instintos vivem um eterno conflito com os costumes, hábitos e restrições artificial gerados pela civilização.