Por que o mistério e o incompreensível nos apavoram
tanto?
Uma explicação é a de que, instintivamente, temos
necessidade de saber, quase instantaneamente o que é ameaça, o que é perigo do
que é inofensivo, do que causa dor e do que causa prazer, ou ainda do que mata,
do que causa um bem. Foi aprendendo essas distinções que a humanidade conseguiu
sobreviver até hoje. Quando não consegue avaliar se alguma coisa ou agente é desconhecido,
ou seja não pode ser associado ou comparado a nada conhecido, a primeira reação
é de medo e o medo exige respostas, impõe a ânsia de ou fugir ou tentar
analisar, tentar tornar conhecido o desconhecido, avaliar e classificar, talvez
julgar e encontrar uma resposta que elimine o medo.
Então, a primeira resposta do organismo, seja ele o
ser humano ou outro animal qualquer é de medo em face do incompreensível. Se o
medo for muito grande há a fuga, se o
medo for controlável surge a curiosidade
e com a curiosidade o desejo de avaliar, comparar, julgar. No caso da espécie
humana, sua mente é exageradamente racional, no sentido de que estabelece
relações extremamente complexas e faz comparações muito mais abrangentes que os
outros seres vivos, inclusive em relação aos seus parentes mais próximos, os
primatas. Diante do medo, os humanos sobrecarregam a mente na tentativa de
decifrar um enigma, faz milhares de comparações e consegue criar uma escala de
possíveis graus de ameaças, tornando seu comportamento muito mais complexo.
Os
animais tendem a escolher quatro reações, de fuga, de enfrentamento, de
indiferença ou curiosidade. Por outro lado o ser humano pode, devido a
hipersensibilidade de sua mente, desenvolver mais facilmente o medo neurótico,
o medo gerado pela imaginação.
A mente humana parecer um exagero da natureza. Tanto
é um exagero que sofre muito mais que os outros animais com as conseqüências de
seus equívocos, de seus autoenganos. Nos animais inferiores, o instinto é o
principal e eficiente recurso na luta pela sobrevivência. No ser humano os
instintos vivem um eterno conflito com os costumes, hábitos e restrições
artificial gerados pela civilização.