sexta-feira, 28 de agosto de 2015

ESCASSEZ DE ÁGUA OU INCOMPETÊNCIA POLÍTICA?

Um amigo meu estava angustiado porque seu filho chegou em casa, dizendo que a professora havia afirmado que a água do mundo vai acabar, que, se não evitar o desperdício, daqui a alguns anos não teremos água nem para matar a sede.
Entendi a preocupação do pai e compreendi que era difícil para ele assimilar esse tipo de afirmação, vindo de alguém a quem confiamos a educação cultural e científica de nossos filhos. Mas esse é um fenômeno que evidencia a distorção que chegou a educação escolar, enviesada pela influencia ideológica. Tentei argumentar com ele que a água da terra é mais ou menos constante, nem aumenta nem diminui. Seu uso não a transforma em outra coisa como a gasolina, por exemplo. Esta, depois da queima pela câmara de combustão do motor do automóvel, nunca mais voltará a ser o que era. No caso da água, quando a usamos, ela serve como lubrificante e também como carreador de substâncias e para limpeza.  O máximo que pode acontecer é ficar poluída e contaminada. Mas, sem muita dificuldade pode ser tratada e transformada em água potável, novamente. Essa tentativa de lavagem cerebral que a maioria dos educadores tenta fazer nas crianças é produto de preconceitos, uma visão negativa e fatalista das  atividades humanas.
Como essas ideologias populares no mundo atual tem horror ao sistema de mercado, seus adeptos jamais aceitam a possibilidade de a água tornar-se um produto de venda,  com preço realista, uma mercadoria que se possa ser ofertada no mercado, assim como se vende pepino ou aboboras. Para eles, a água tem que continuar acessível a todos, sem custo ou com custo muito baixo. Portanto, não é que a quantidade de água no mundo está diminuindo, é o custo de potabilizá-la que está subindo e, para as pessoas com essa mentalidade anti-mercado, isso não é admissível.
Imagino que no futuro haverá uma grande batalha entre os que desejam, a qualquer custo, manter os recursos hídricos fora do mercado e aqueles que não vêem outra saída se não a transformá-la em mercadoria de venda. Como inevitavelmente os custos de potabilizá-la e disponibilizá-la na torneira das casas de todo o mundo vai subir na medida em que crescer a população mundial, não haverá outra alternativa senão o desenvolvimento da industria de tratamento e de distribuição a um preço que pague os custos do processamento e dê lucro atrativo aos investidores. Do contrário, a água deverá manter-se estatizada e consequentemente escassa por um lado, e com altos índices de desperdícios por outro, característica típica dos bens supridos pelos governos. Escassa porque vai custar cada vez mais caro e mais difícil disponibilizá-la pelo modelo de preço baixo na ponta do consumo e desperdiçada exatamente por que barata. A sociedade não poderá fugir dos custos cada vez maior de um litro dágua potável. Claro que pela lógica anti-mercado esse preço deverá ser bancado via impostos que onera todo o mundo e mais os pobres. Cria-se uma contradição: o preço final baixo incentiva o desperdício e o custo explosivamente crescendo para potabilizá-la e disponibilizá-la come uma enorme fatia da arrecadação de impostos, tornando o estado cada vez mais custoso aos cidadãos e ineficiente para suprir a demanda também crescente por esse preciso líquido.
Não se discute a escassez de pão, de arroz, de feijão no mercado, não é verdade?
 No entanto onde esses itens básicos são deixados para ser produzidos e distribuídos pelo Estado, rapidamente tornam-se escassos. Vejam o caso crônico de Cuba ou o mais recente da Venezuela, onde para comprar produtos de primeira  necessidade o pobre cidadão tem que madrugar, enfrentar filas enormes e ainda correr o risco de que, quando chegar sua vez, as prateleiras já estarem vazias. O incrível de tudo isso é que o povo ainda confia mais no Estado que no mercado.

Outra coisa, no mercado privado e concorrencial, cada vendedor se esforça ao extremo para vendar o máximo possível de sua mercadoria. Já  quando a gente vê e ouve uma empresa gastando dinheiro para convencer o consumidor a não gastar o produto que ela vende alguma coisa deve estar muito errada. É exatamente o que a Sabesp, a estatal de fornecimento de água, faz no Estado de São Paulo: ela gasta dinheiro em propagando para convencer os seus clientes a comprar o mínimo possível de seu produto. Isso é uma aberração que só o estatismo consegue fazer. Seria como se a GM gastasse uma fortuna em propaganda no rádio, na TV e nos jornais, dizendo para que as pessoas evitassem comprar seus carros. Seria uma insensatez total. Pois o Estado faz isso e, o que é pior, ninguém percebe esse absurdo.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

AS MÚLTIPLAS FACES DA "LEI"

A palavra “lei” possui muitas faces e três delas gostaríamos de destacar, sendo que uma delas não faz muito sentido questionar, que são o conjunto de leis naturais como, por exemplo, a “gravidade”. As duas restantes são motivo de muita confusão, inclusive para anarquistas e libertários, aqueles que querem abolir o estado. Uma delas, podemos definir como o conjunto de leis que tem por objetivo ditar normas e regras de conduta no meio social. A outra é aquele conjunto de leis que, originarias do Estado, possuem a função de controlar, de proibir, de restringir o comportamento humano. Estas últimas, muitas  vezes são criadas com se fossem normas, uma confusão proposital, com o objetivo de torná-las mais aceitáveis.
Para esclarecer melhor, vamos definir cada uma delas. A primeira lei, que tem o papel normativo, são todas aquelas  que definem as regras de comportamento entre as pessoas, tais como as que proibem o roubo e o assassinato, bem como as que determinam os direitos e deveres entre os membros da sociedade. A segunda é a lei que define um tipo de Estado e as relações dos indivíduos com esse Estado. Elas nascem, muitas  vezes, das intenções dos detentores do poder e tem como função controlar os membros da sociedade visando a própria preservação. Um exemplo de lei de controle é a de que é proibido sair do país sem autorização, questionar as leis políticas ou contestar a autoridade desses governantes. Nos estados totalitários as leis de controle são imensamente numerosas e detalhistas, visando a determinar cada e todo comportamento dos indivíduos.  Um disfarce que costuma cobrir essas leis de controle é o de que é uma lei que visa proteger as pessoas umas das outras. Por exemplo, a proibição do uso de armas é justificado pelo perigo de os indivíduos matarem-se uns aos outros e nunca é lembrado que seu verdadeiro objetivo é desarmar o povo e precaver-se das eventuais tentativas de apear os detentores do poder.  Um povo que é temido pelos agentes do Estado é, por lógica, um povo oprimido por esses agentes, do contrário não faria sentido temê-lo. Nessas condições as leis que proíbem o uso de armas são uma conseqüência natural desse temor, embora dissimulado em preocupação com a segurança dos cidadãos.