Outro dia, conversando com um amigo, descobri que ele era fã do Eduardo Suplicy. Meu amigo fez rasgados elogios ao eterno senador. Discordei na hora, e argumentei que poderia dar mais de uma dezena de razões para não admirá-lo como político. Aliás, como pessoa comum, eu o elegeria um dos homens mais puros da terra.
Alinhavei as razões das minhas ressalvas:
Vamos lá:
Suplicy é tão ingênuo que acha que sabe de tudo o que acontece no congresso.
Não sabe.
Quando querem tramar alguma barbaridade, os políticos sempre procuram esconder do Suplicy o que estão aprontando.
Quando querem dar um ar nobre a uma idéia estapafúrdia qualquer - dessas que nascem ao borbotões em Brasília - os políticos dizem: peguem o apoio do Suplicy e vocês ganham a mídia e a opinião pública.
Suplicy acha que todo pobre é um anjo disfarçado e a pobreza é a reserva moral da humanidade.
Uma crença dessa só é possível para quem nunca foi pobre como é o seu caso.
Ele não conhece trabalho duro e por isso tem imensa dó de quem trabalha.
No entanto nunca demonstrou dó de quem é obrigado a dar quase a metade do salário ao governo na forma de impostos de todo tipo.
Aliás Suplicy adora dar esmola aos pobre; quase chora quando fala da sua monomaníaca “renda mínima”. Acredito que nem sabe o que é renda. Renda é o que rende do trabalho de alguém. Dar dinheiro para pobre - mesmo que pela nobre razão de matar-lhe a fome - não é distribuir renda, é dar esmola ou dar presente. É dar esmola com o bolso alheio, ainda por cima.
Outra coisa, o senador é uma espécie de bobo da corte em Brasília. Gostam de ouvi-lo quando precisam acalmar as consciências pesadas e dão bordoadas nele quando se empolga e começa a exagerar em suas cantilenas.
Essa pureza ingênua acaba criando um ar menos fétido à classe política e isso não é bom para o povo. Sem querer, Suplicy transformou-se numa espécie de reserva moral dessa classe e isso é um absurdo.
Por fim, embora seja honesto e sincero como pouca criatura nesta terra, Suplicy não é um radical, nunca quis ser um São Francisco que abriu mão de todo conforto, de todo luxo e foi viver com os mendigos e experienciar a vida dos que não possuem absolutamente nada. Pelo contrario, cultiva com carinho a boa e confortável vida que herdou dos pais.
Uma coisa positiva nele é que jamais segue rigorosamente a cartilha do PT. Nunca foi confiável à cúpula do mesmo. Embora seja um ícone luminoso da história da esquerda brasileira, não participa do núcleo de poder do partido; seus dirigentes preferem ostentá-lo como figura imaculada e exemplar da atividade parlamentar, uma figura decorativa apenas.
Suplicy tem consciência, segue suas convicções acima de tudo e de todos, uma coisa raríssima nesse mundo de personagens gelatinosas e fugidias. Todo mundo sabe o que pensa o senador, todo mundo sabe que será bem tratado por ele. Respeita tanto parceiros de militância quanto adversários ideológicos.
Não sei se convenci meu amigo, mas percebi que ele ficou quieto e pensativo por algum tempo e depois mudou de conversa. Nunca mais tocou no assunto.
Quando o indivíduo é obrigado a se submete à vontade da sociedade – como se a sociedade pudesse ter vontade própria - vive numa ditadura. Quando a sociedade se subordina ao indivíduo o nome é tirania.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
AINDA SOBRE A QUESTÃO DE COTAS
A pergunta adequada que precisamos fazer é: porque poucos negros ou pardos chegam a universidade?
È por discriminação, alguma forma de restrição a vestibulando de cor?
O negro tem mais dificuldade de inscrever-se no vestibular?
É por frequentar escola pública?
É por que o negro é pouco inteligente?
É porque o negro é indolente e acomodado?
1º dificuldade: oficialmente não há nenhuma discriminação. Se há alguma restrição é velada e sutil e não deveria influenciar no resultado final.
2º dificuldade: Não é dificuldade direta. O que há é dificuldade de ordem econômica que faz com que o negro desista de fazer faculdade antes mesmo de tentar. Portanto a dificuldade não está diretamente ligada a sua cor mas sim a sua condição financeira e de sua familia.
3º dificuldade: Escola pública é notoriamente deficiente no ensino e no preparo do estudante para alcançar a universidade. Mas é dificuldade é igual a todo e qualquer aluno, seja ele negro, branco, oriental ou indígena.
4º Dificuldade: Não há prova científica de que negros e pardos possuam inteligência inferior a qualquer outro ser humano, seja branco, asiático ou indígena.
5º dificuldade: A crença na indolência do negro basea-se em puro preconceito e não tem base cientifica ou mesmo prática de que isso procede.
Então porque tão poucos negros e pardos fazem a universidade?
A explicação é sociológica. Os negros em sua grande maioria forma a classe mais básica da sociedade, portanto históricamente sem acesso a estudo, saúde e estímulos sociais de status de fámilia que os incetive a ter estudo e a subir na vida. Mas uma significativa parcela dessa camada é de pele branca e enfrenta as mesmas dificuldades dos negros.
Uma criança pobre de favela ou de perifeira, seja negra ou branca, geralmente é filha de pais, avós e bisavós analfabetos ou semialfabetizados. Uma criança que nasce em regiões rurais isoladas ou nas favelas e periferias das grandes cidades, normalmente está cercada de parentes e vizinhos também sem quase nenhuma escolaridade, desconhecem livros, desconhecem o mundo da cultura.
A criança que sai de um meio desse, terá que percorrer um caminho extremamente mais longo para chegar àquele ponto de sentar numa carteira e concorrer com outros jovens, vindo dos bairros de classe média, ao vestibular de alguma universidade. E não terá que enfrentar só dificuldades financeiras, mas terá também de vencer a apatia do meio em que vive, terá que superar a ausência de estímulo da sociedade que a cerca, o descaso dos poderes públicos em proporcionar escolas de qualidade, estimulantes, criativas e capazes de suprir as deficiencias advindas de sua condição de vida de pobre.
O que desejamos evidenciar é que independente da cor da pele, toda e qualquer criança pobre terá todas as razões do mundo para desistir de estudar no meio do caminho entre o 1º ano e a universidade.
Portanto qual é a razão para instituir cota para negros e pardos se a dificuldade para chegar a universidade para uma criança branca pobre é a mesma?
Não seria mais justo instituir cotas para todos os pobres então?
Será que querem pagar uma pseudodivida para com ancestrais dos negros escravizados em outras eras e por outras gerações? Para isso é preciso ignorar o branco pobre? Para isso é preciso discriminar as pessoas pela cor, desta vez invertendo os papéis?
È por discriminação, alguma forma de restrição a vestibulando de cor?
O negro tem mais dificuldade de inscrever-se no vestibular?
É por frequentar escola pública?
É por que o negro é pouco inteligente?
É porque o negro é indolente e acomodado?
1º dificuldade: oficialmente não há nenhuma discriminação. Se há alguma restrição é velada e sutil e não deveria influenciar no resultado final.
2º dificuldade: Não é dificuldade direta. O que há é dificuldade de ordem econômica que faz com que o negro desista de fazer faculdade antes mesmo de tentar. Portanto a dificuldade não está diretamente ligada a sua cor mas sim a sua condição financeira e de sua familia.
3º dificuldade: Escola pública é notoriamente deficiente no ensino e no preparo do estudante para alcançar a universidade. Mas é dificuldade é igual a todo e qualquer aluno, seja ele negro, branco, oriental ou indígena.
4º Dificuldade: Não há prova científica de que negros e pardos possuam inteligência inferior a qualquer outro ser humano, seja branco, asiático ou indígena.
5º dificuldade: A crença na indolência do negro basea-se em puro preconceito e não tem base cientifica ou mesmo prática de que isso procede.
Então porque tão poucos negros e pardos fazem a universidade?
A explicação é sociológica. Os negros em sua grande maioria forma a classe mais básica da sociedade, portanto históricamente sem acesso a estudo, saúde e estímulos sociais de status de fámilia que os incetive a ter estudo e a subir na vida. Mas uma significativa parcela dessa camada é de pele branca e enfrenta as mesmas dificuldades dos negros.
Uma criança pobre de favela ou de perifeira, seja negra ou branca, geralmente é filha de pais, avós e bisavós analfabetos ou semialfabetizados. Uma criança que nasce em regiões rurais isoladas ou nas favelas e periferias das grandes cidades, normalmente está cercada de parentes e vizinhos também sem quase nenhuma escolaridade, desconhecem livros, desconhecem o mundo da cultura.
A criança que sai de um meio desse, terá que percorrer um caminho extremamente mais longo para chegar àquele ponto de sentar numa carteira e concorrer com outros jovens, vindo dos bairros de classe média, ao vestibular de alguma universidade. E não terá que enfrentar só dificuldades financeiras, mas terá também de vencer a apatia do meio em que vive, terá que superar a ausência de estímulo da sociedade que a cerca, o descaso dos poderes públicos em proporcionar escolas de qualidade, estimulantes, criativas e capazes de suprir as deficiencias advindas de sua condição de vida de pobre.
O que desejamos evidenciar é que independente da cor da pele, toda e qualquer criança pobre terá todas as razões do mundo para desistir de estudar no meio do caminho entre o 1º ano e a universidade.
Portanto qual é a razão para instituir cota para negros e pardos se a dificuldade para chegar a universidade para uma criança branca pobre é a mesma?
Não seria mais justo instituir cotas para todos os pobres então?
Será que querem pagar uma pseudodivida para com ancestrais dos negros escravizados em outras eras e por outras gerações? Para isso é preciso ignorar o branco pobre? Para isso é preciso discriminar as pessoas pela cor, desta vez invertendo os papéis?
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