sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

AINDA SOBRE A QUESTÃO DE COTAS

A pergunta adequada que precisamos fazer é: porque poucos negros ou pardos chegam a universidade?
È por discriminação, alguma forma de restrição a vestibulando de cor?
O negro tem mais dificuldade de inscrever-se no vestibular?
É por frequentar escola pública?
É por que o negro é pouco inteligente?
É porque o negro é indolente e acomodado?

1º dificuldade: oficialmente não há nenhuma discriminação. Se há alguma restrição é velada e sutil e não deveria influenciar no resultado final.
2º dificuldade: Não é dificuldade direta. O que há é dificuldade de ordem econômica que faz com que o negro desista de fazer faculdade antes mesmo de tentar. Portanto a dificuldade não está diretamente ligada a sua cor mas sim a sua condição financeira e de sua familia.
3º dificuldade: Escola pública é notoriamente deficiente no ensino e no preparo do estudante para alcançar a universidade. Mas é dificuldade é igual a todo e qualquer aluno, seja ele negro, branco, oriental ou indígena.
4º Dificuldade: Não há prova científica de que negros e pardos possuam inteligência inferior a qualquer outro ser humano, seja branco, asiático ou indígena.
5º dificuldade: A crença na indolência do negro basea-se em puro preconceito e não tem base cientifica ou mesmo prática de que isso procede.

Então porque tão poucos negros e pardos fazem a universidade?

A explicação é sociológica. Os negros em sua grande maioria forma a classe mais básica da sociedade, portanto históricamente sem acesso a estudo, saúde e estímulos sociais de status de fámilia que os incetive a ter estudo e a subir na vida. Mas uma significativa parcela dessa camada é de pele branca e enfrenta as mesmas dificuldades dos negros.
Uma criança pobre de favela ou de perifeira, seja negra ou branca, geralmente é filha de pais, avós e bisavós analfabetos ou semialfabetizados. Uma criança que nasce em regiões rurais isoladas ou nas favelas e periferias das grandes cidades, normalmente está cercada de parentes e vizinhos também sem quase nenhuma escolaridade, desconhecem livros, desconhecem o mundo da cultura.
A criança que sai de um meio desse, terá que percorrer um caminho extremamente mais longo para chegar àquele ponto de sentar numa carteira e concorrer com outros jovens, vindo dos bairros de classe média, ao vestibular de alguma universidade. E não terá que enfrentar só dificuldades financeiras, mas terá também de vencer a apatia do meio em que vive, terá que superar a ausência de estímulo da sociedade que a cerca, o descaso dos poderes públicos em proporcionar escolas de qualidade, estimulantes, criativas e capazes de suprir as deficiencias advindas de sua condição de vida de pobre.
O que desejamos evidenciar é que independente da cor da pele, toda e qualquer criança pobre terá todas as razões do mundo para desistir de estudar no meio do caminho entre o 1º ano e a universidade.
Portanto qual é a razão para instituir cota para negros e pardos se a dificuldade para chegar a universidade para uma criança branca pobre é a mesma?
Não seria mais justo instituir cotas para todos os pobres então?
Será que querem pagar uma pseudodivida para com ancestrais dos negros escravizados em outras eras e por outras gerações? Para isso é preciso ignorar o branco pobre? Para isso é preciso discriminar as pessoas pela cor, desta vez invertendo os papéis?