segunda-feira, 6 de outubro de 2014

ONDE ESTÃO OS HERÓIS?



O Brasil é um país que parece não ter heróis, pelo menos daqueles heróis típicos: os que tiveram um papel histórico e relevante na vida do povo, serviram de exemplo e por isso influenciaram, mais ou menos positivamente, toda uma nação. No entanto temos os anti-heróis, aqueles personagens que desempenharam um papel significativo na vida de um povo, mas de maneira negativa, que deram mal exemplo, que mostraram falta de escrúpulo, cometeram injustiças. Um espécime típico de anti-herói que temos, e ainda vivo, é o do Sarney. Vale lembrar que tivemos um herói, que foi Tiradentes, mas não sei se podemos considerá-lo tanto, visto que toda sua fama é devida mais a violência da repressão do que pelos seus feitos. Andou ele, por um tempo, falando em independência, em emancipação do povo, isso dizia nas rodas de botequim e em portas de comercio. A reação desmesurada da coroa portuguesa deu uma dimensão extraordinária a essa leve intenção de independência.
Alem do mais o que vemos são anti-heróis. Desses temos muitos. Elegeria Getulio Vargas, Dom Pedro, Teodoro e Prestes.
Colocaria Rui Barbosa ao lado de Tiradentes como um caso de quase herói.
Na verdade, nesse país, até para ter anti-heróis o povo encontra dificuldade. O que encontramos  em abundância são bufões, caricatos de herói como foram Brizola e Lacerda e Janio Quadros. Brizola é o exemplo típico de caricatura de herói com sua pobreza de espírito e sua obsessão pelo poder, sem nunca tê-lo de verdade. Viveu sempre cercado por espectros fantasmagóricos que o assombraram a vida toda. Temos a figura de uma caricatura de herói em João Goulart, esse também um personagem simplório e vacilante como poucos.
Poderíamos falar de Castelo Branco, mas ai é forçar a barra, pois Castelo foi colocado no poder por um grupo de militares golpistas, exatamente por ter aquela neutralidade fugidia que povoa a história desse país.
Desde a fundação, quando foi declarado posse do rei de Portugal, esse enorme pedaço de mundo vive dominado por  figuras hora ridículas, ora sinistras.
Outra coisa que salta aos olhos dos mais atentos é a tradição de ser, o país, dominado por uma elite tosca, uma classe dirigente inculta, brega e rococó. Desde a colônia vemos pulular ao longo da história nacional esses personagens sínicos, sem nenhum caráter.
É covardia quando, por exemplo,  tentamos comparar Thomas Jefferson com José Bonifácio, o chamado patriarca da independência. E olhe que estamos falando de uma figura impoluta, muito acima da média dos típicos políticos que povoaram a história do país. Jefferson era infinitamente mais culto e mais humanista que ele.
Voltando ao Sarney, esse merece uma anti-biografia. Esta seria riquíssima em dados sociológicos da cultura macunaímica que imperou desde Cabral  nessa terra do faz de conta.
Aliás, a expressão “faz de conta” consegue sintetizar essa cultura sem caráter, aliada a outra expressão muito comum que é a “para inglês ver”.
De heróis e anti-heróis, por mais que pesquisemos, por mais que estudemos as vidas de todos os personagens da historia do Brasil , fica sempre a dúvida e a certeza. Certeza de que nunca tivemos heróis, dúvida, se pelo menos tivemos um anti-herói genuíno, puro, completo. Não acredito;  a grande maioria de nossos personagens históricos são figuras marrons, fugidias, teatrais, camaleônicas. 


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