quinta-feira, 25 de junho de 2015

UM CONFLITO ARTIFICIAL

Os coletivistas precisam reafirmar a oposição entre o indivíduo e a sociedade porque, se questionarem essa oposição, correm o risco de verem forçados a admitir que uma coisa não exclui a outra. Quando aceitamos a hipótese de que o indivíduo autônomo não e necessariamente anti- social e quando esse indivíduo busca seus interesses não está obrigatoriamente violando o interesse dos outros, alcançamos um novo patamar da compreensão das  relações humanas. A premissa de que precisamos pensar nos outros antes de decidirmos fazer nossas escolhas pessoais esconde a lógica da submissão, já que coloca, em primeiro lugar o interesse dos outros. Quando traço meus objetivos sem antes consultar os outros ou sem, primeiro, ajudar os outros em seus objetivos, estou mais do que realizando minha autonomia e, sim, cuidando de mim, convicto de assim como posso cuidar de meus interesses, os outros também são capazes de cuidar de seus próprios interesses, considerando, é claro, uma situação normal. Em condições em que meu vizinho ou outro qualquer esteja em apuros, é absolutamente normal que nessas condições eu aja, deixando para segundo plano, o meu interesse daquele momento. Quero dizer, com isso, que não faz sentido estabelecer uma regra de que preciso deixar meus interesses em segundo plano em qualquer circunstância. A menos que eu creia que, na relação com os outros, eu tenha que me colocar em posição de inferioridade, abrindo mão de meus próprios desejos e vontades, pois sem essa postura não faz sentido eu subordinar meus objetivos aos dos outros. A única regra que faz sentido e a de que minhas escolhas não sejam feitas em detrimento das escolhas dos outros. A noção de que, se com meus atos estou causando dano ou prejuízo aos outros, e tiver consciência de que isso enfraquece ou até rompe os laços que nos unem e que trazem benefícios mútuos a nós, seria natural que eu pensasse duas vezes antes de agir. Nesse caso, só a minha burrice explicaria  eventual teimosia. 

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