O problema das interpretações morais e como regras éticas é
que elas são tratadas ao nível da vontade livre e consciente. Para os
moralistas, o ser humano precisa saber o que é justo e o que é injusto e fazer
uma opção consciente pelo agir justo. Ora esse fazer a “opção” pressupõe uma
manobra ativada pela vontade consciente, ou seja, pela força daquele homúnculo
que devemos colocar dentro de nós para nos controlar. O uso da vontade
consciente pressupõe sempre um esforço de controle, no caso do autocontrole.
Vontade consciente: é o sentimento de que o individuo
precisa seguir as normas e preceitos morais da sociedade; é o oposto da vontade
inconsciente que é a vontade instintiva, misturada com os hábitos e cacoetes
mentais adquirido na infância. A vontade consciente só é possível pelo
adestramento, iniciado pelos outros e incorporado ao nosso ser por um processo
de autovigilância, de autocontrole.
A confusão começa
quando a vontade consciente, ou seja ,moral,
perde a batalha para a vontade instintiva e os hábitos adquiridos aleatoriamente,
nossa verdadeira e primordial natureza, e o verniz civilizatório se rompe e o
animal legítimo que há em todos nós se manifesta. Nossos instintos são
prioritários em nossa natureza. Quero dizer que eles prevalecem sobre qualquer
tentativa de se criar uma natureza moral acima deles, uma forma de agir
conveniente para a sociedade que nega a nossa natureza básica. A essa tentativa
podemos chamar de “domesticação” do ser humano?