quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

GOVERNO – PARA QUE SERVE?

Abel Aquino

Por que temos a mania de cobrar do Governo a obrigação de resolver todos os tipos de problemas que temos em nosso País?
Por que, apesar de tudo, insistimos em que o Governo tem a obrigação de cuidar de todos nós, de resolver todo tipo de questão social, individual, de saúde, de educação, de crimes, de violência, de acidentes de toda espécie?
Por que, apesar de que tudo, o governo cuida mal da saúde, não consegue dar segurança ao cidadão honesto, não dá educação suficiente aos filhos dos trabalhadores, não dá estradas em bom estado nem distribui a justiça com igualdade?

Os jornais gostam de publicar manchetes tais como:
A Educação está de mal à pior; o governo precisa fazer alguma coisa.
O governo precisa distribuir melhor a renda
O governo precisa combater a violência urbana
O governo precisa cuidar dos velhinhos
O governo precisa cuidar das crianças abandonadas
O governo precisa cuidar melhor da estradas esburacadas.
O governo precisa combater o tráfico de drogas
O governo precisa combater a miséria e a fome
O governo precisa combate o desemprego.
O governo deve fazer isso e aquilo....

Todas essas questões são mais do que bem intencionadas, mas o que há de errado nisso?

O que se impõe é que precisamos responder a outras perguntas antes de sair cobrando do governo isso ou aquilo.
Por exemplo: o Governo é capaz de resolver isso ou aquilo?
Qual é o limite entre o que é de obrigação do governo e o que é obrigação da sociedade ou de setores dela?
Os políticos que elegemos tem o sério propósito de cuidar disso ou daquilo?

Se, ao serem eleitos, eles se sentem livres para cuidar de dar emprego a parentes, de fazer carreira por cargos mais cobiçados, terão interesse em resolver problemas sociais sem retorno rápido?
Há uma pergunta mais básica ainda: qual é a verdadeira função do governo? Não vale responder que é servir ao povo, ajudar o necessitado, proteger os pobres dos ricos, tirar dos ricos para dar aos famintos, e outras belas frases sem conteúdo nenhum.
Falo do objetivo prático, inconfesso de todo político, daquele objetivo que só descobrimos quanto acompanhamos atentamente o dia a dia de sua carreira pública.
Quantos parentes ele levou para o governo, sua mulher seus filhos, seus sobrinhos? quantas obras oferecidas a empreiteiras para pagar financiamento de campanha? quanta esmola deu aos pobres usando o bolso alheio, quantos empregos arrumou, nas milhares de repartições, para amigos, correligionários e puxa-sacos? Quantos projetos de lei para favorecer esse ou aquele grupo, mandando a conta para o resto da sociedade?
Nessas circunstâncias, os políticos podem resolver alguma coisa sem que seja acessório, sem que seja projeto de carreira, sem que seja para agradar setores eleitorais mesmo que a custa de penalizar o restante?
A questão magna é que nós, - falo da sociedade produtiva que paga a conta dos desvarios políticos, - não sabemos que tipo de governo queremos. É aquele que deve cuidar de tudo para que possamos viver despreocupadamente nossas mesquinhas vidas, curtindo um happy hour nos fins de tarde ou poder tomar sol na praia, bebendo uma cervejinha - ou se queremos um governo, não acima da sociedade, pseudo-unipotente, mas do qual podemos participar, cobrar, mudar, e, principalmente, torná-lo do povo, para o povo e pelo povo com dizia Lincoln?.
Podemos observar que numa cidade como São Paulo, com mais de 10 milhões de pessoas, não faltam arroz, feijão, óleo, farinha nos milhares de mercados, pão e leite nas padarias todos os dias, - e, no entanto, não existe nenhum decreto-lei governamental obrigando os produtores, industriais e comerciantes a abastecerem a população de São Paulo. E esses grandes e pequenos empresários fazem isso quase sem falhas. Aliás, os problemas que surgem, na maioria dos casos, são provocados pelos próprios governos. Por outro lado o que é de responsabilidade dos Governos, por exemplo em São Paulo, funciona mal ou nem sequer funciona, como é o caso da segurança, da qualidade das estradas e ruas, da saúde, da educação. Sobre tudo isso ainda pesa, nos ombros dos cidadãos, todo tipo de dificuldade burocrática, de restrições absurdas, de repressão ao honesto e proteção ao desonesto e assim por diante.
Dá para perceber que não é o Governo que faz funcionar a sociedade, pelo contrário, é a sociedade que funciona apesar das dificuldades criadas pelo Governo.
Pensemos nisso de agora em diante.....