terça-feira, 24 de janeiro de 2012

MINHAS LEITURAS -102

Livro:

UMA BREVE HISTÓRIA DO MUNDO


Geoffrey Blainey



O que temos de destaque nesse livro, sem dúvida, é o estilo do escritor. Este escreve com uma fluência fantástica. Além disso não é um livro de história universal comum, daqueles que contam os movimentos políticos, um sucessão intermináveis de guerras, conquistas, genocídios, concentrados nos personagens de poder, seus vícios e virtudes, suas ambições, vitórias e derrotas. Nesses livros tradicionais de história do mundo, o povo, seu cotidiano, os progressos materiais e de conhecimentos são pano de fundo das lutas políticas, dos jogos de poder que marcaram o nosso passado, desde perdidas eras.

Este livro de Blainey é diferente. Pode ser chamado de história do cotidiano da humanidade, de seus aventureiros, pensadores, religiosos e do povo no meio desse turbilhão de acontecimentos, guerras, momentos de paz, epidemias e da busca interminável por novos horizontes, novos conhecimentos, novas conquistas materiais e religiosas.

Um exemplo de seu estilo fluente e cativante:
“No ano de 1800, a maioria das pessoas na Europa não tinha o costume de comprar itens de vestuário em lojas e feiras. Faziam suas roupas em casa, herdavam-nas dos mortos ou compravam-nas de segunda mão das mulheres comerciantes que dominavam esse segmento. Dentro de cada família, havia um movimentado negócio não remunerado de vestuário. As roupas geralmente passavam de irmã para irmã, de irmão para irmão, e eram remendadas, recosturadas, consertadas e cerzidas conforme mudavam de mãos. Um dos benefícios de ser empregado era ganhar roupas de segunda mão, repassadas pelos senhores e senhoras. As roupas poderiam estar um pouco desgastadas, mas eram recebidas de braços bem abertos.”

Até os títulos dos capítulos revelam esse estilo quase chinês de descrever situações e ocasiões. Alguns capítulos são chamados de:
O Sinal da Lua Crescente.
Os Gansos Servagens Cruzam as Montanhas
A Gaiola.
O Olho de Vidro da Ciência
Destronando a Colheita
Nem Frutas nem Pássaros.

Quem ler esse livro passará a ver a história e a longa epopéia dos povos e das nações de uma nova maneira, mais humana e até mais alegre do que comumente lemos em pesados e enormes livros de história tradicionais.

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