A HUMANA PRETENSÃO DE ONISCIÊNCIA

Cada um de nós constrói, ao longo da existência, mas,  principalmente nos primeiros anos de vida, um mundo com tudo o que viu, ouviu, leu, sentiu, imaginou, supôs. Depois de adulto, quando olha para o mundo a sua frente, imagina que é o mesmo mundo que construiu dentro de si. O que ele não viu, não ouviu, não leu, não sentiu, não imaginou nem supôs, para ele não existe. Quando deseja agir para mudar alguma coisa no mundo a sua volta imagina que tem todos os conhecimentos de que necessita para fazer com que uma ação leva a um resultado desejado.  Em resumo, todo ser humano considera-se auto suficiente. Temos enormes dificuldades de imaginar o tamanho da nossa ignorância e quando tomamos decisões levamos em conta de que temos conhecimento suficiente do mundo a nossa volta, nunca levamos em conta que o que desconhecemos pode ser muito maior do que o que conhecemos.

Gosto de imaginar que se soubéssemos o quanto da realidade nos é desconhecida, teríamos uma enorme crise de humildade.

O ser humano é perigoso quando tem poder e ignora que o poder não lhe dá nenhuma sabedoria extra para lidar com esse poder que tem. Muitos acreditam que com o poder de mudar o mundo é a mesma coisa que poder para construir o paraíso, o poder para fazer as pessoas felizes. No entanto essa crença é o primeiro passo para escancarar as comportas ardentes do inferno e destruir vidas. Estamos sempre pensando que o mundo não tem segredo e se nós o manipularmos com boas intenções o resultado será sempre positivo. No entanto quanto mais estudamos a natureza e a vida, mais descobrimos o quão pouco sabemos. Da mesma forma muitos acreditam que a sociedade humana não tem mistérios e que com um punhado de boas intenções, leis detalhistas e abrangentes, policia vigilante e castigos no atacado, podem construir uma civilização humana melhor que a que está ai.

 Quase a totalidade dos políticos acredita que pode construir um mundo melhor para o povo, dirigindo esse povo, domesticando esse povo, amestrando esse povo, tornando-os obedientes, crentes, fieis. Esse e o caminho mais curto para o reino do totalitarismo e da destruição da vida de uma sociedade.