quinta-feira, 25 de agosto de 2016

UMA CHAMA QUE NÃO SE APAGA

Para preservarem suas vidas, muitos pensadores e filósofos evitaram tratar de política, pelo menos, diretamente. Sócrates foi um dos primeiros a fazer isso. Mas para ele chegou um momento em que os políticos o pegaram.  Diante do poder só lhe restaram
duas alternativas: ou renegava seu passado ou confirmava, enfrentando a morte. Escolheu assumir suas convicções. Ao ser condenado, sua execução tornou-se a coroação do seu trabalho. Enquanto pôde evitar a política e suportar os desmandos e a ignorância dos líderes de sua Atenas, sobreviveu. Sabia que não tinha força suficiente para se preservar diante de um confronto direto, por isso, evitava topar de frente com os poderosos. Mas, quando o choque se mostrou inevitável, teve a coragem de não recuar e não se acovardou,  enfrentando seus algozes sem medo e com  firmeza. Morrer para ele já não seria mais apagar uma chama ainda sem brilho, mas, sim, a projeção de um fogo tão vasto e inalcançável que sua luz, em vez de se apagar, espalhar-se-ia pelo tempo. Por isso, ela ainda brilha em nossas vidas, mais de dois mil anos depois.

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