Quando usamos o conhecimento
passado para julgar ou avaliar o presente, prever ou planejar o futuro, não
estamos progredindo, melhorando, pois ao nos apoiar ao passado sem um espírito
crítico, restringimos nossa ação, e, o máximo que conseguimos, é por roupa nova
em conceitos velhos. Julgar ou estudar o presente como forma de avançar no
conhecimento e na sabedoria só é possível para aqueles que se libertaram do
passado. E libertar do passado não é fácil. Quem tenta libertar-se do passado
através de mantras, de esforço volitivo, pensamento positivo, meditação
transcendental ou tantos outros meios,
está simplesmente criando uma casca nova sobre um manto de velhas crenças. Muitos acreditam que a sabedoria se alcança com
a repetição de certos ritos, com o domínio da mente ou por meio de exercícios
da alma e práticas ascéticas. Todos esses esforços só empurram nosso passado
para o fundo do inconsciente, cobrindo-o com uma camada de aparente
mudança. Isso só gera contradição,
bipolaridade, conflitos mentais e angustias existenciais. Parece que qualquer mudança em nossa mente só
acontece quando não desejamos mudar, ou melhor quando não nos esforçamos para
mudar.
Na verdade, muitos
psicólogos gostam de enfatizar que a mudança verdadeira vem do conhecimento que
trás compreensão, que emerge junto com a consciência da realidade, um entender que não é fruto do esforço, mas
produto de processos mentais muito integrados. Nós agimos, no cotidiano, usando
nossa consciência superficial, aquela que nos capacita a expressar aos outros
nossos desejos, medos ou intenções. Essa consciência é da mesma natureza da
consciência de que 2 + 2 são 4. Agora a consciência profunda, que surge quando
nos alegramos por entender a causa disso ou daquilo, sentindo uma satisfação
incapaz de separar o sentimento da razão, o raciocínio do contentamento, então
nossa natura se transforma. Quando nossa vida parece diferente numa manhã em
que vemos os raios do sol acima das montanhas, a brisa balançando as folhas das
árvores, sentindo que entendemos porque algumas
pessoas brigam, outras fazem as pazes, algumas sorriem, tantas choram,
ainda outras trabalham enquanto parte delas descansam. Admitir
que a imperfeição da natureza humana é inevitável até certo ponto e
sentir desejo de conviver com isso, é o principio da sabedoria.
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